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A BRINQUEDOTECA E O ATENDIMENTO ÀS ESPECIFICIDADES DA CRIANÇA COM AUTISMO NA EDUCAÇÃO FÍSICA
Jackson Pereira Rocha, Jackson Pereira Rocha

Última alteração: 2018-08-28

Resumo


A brinquedoteca tem se apresentado, em alguns estudos, como um ambiente significativo para as vivências lúdicas das crianças, além de ser um espaço fortemente potencializador de seu desenvolvimento. Magalhães e Pontes (2002) chamam a atenção para a importância da brincadeira espontânea para a criança, que contribui para a construção de uma maneira própria de olhar a realidade, a realização de descobertas e o desenvolvimento sócio-afetivo. Em contraposição a isso, destacam a progressiva redução de espaços e tempos para ela brincar – o que tem se configurado por motivos variados – e apontam a brinquedoteca como um espaço propício à brincadeira da criança. Chicon (2013), em seu estudo sobre "Jogo, mediação pedagógica e inclusão", destaca como parte de seu trabalho, a importância do espaço da brinquedoteca, compreendida em uma perspectiva inclusiva, para o aprendizado e desenvolvimento de crianças em situação de risco social e de crianças com deficiência, quando estas interagem no mesmo espaço e tempo de intervenção. Enfatiza que a mediação pedagógica do professor/brinquedista pode ser decisiva para gerar situações de aprendizagem e relacionais que não ocorreriam de forma espontânea para essas crianças. O estudo tem por objetivo analisar a organização da brinquedoteca como um ambiente inclusivo, propiciador de vivências lúdicas para as crianças com autismo e favorecedor de sua brincadeira. A pesquisa se configurou como um estudo qualitativa de caráter descritivo e exploratório (LUDKE; ANDRÉ, 2013), tendo como sujeitos: 16 crianças com e sem deficiência, de ambos os sexos, com idades entre 3 e 4 anos, dez de desenvolvimento típico de um Centro de Educação Infantil, cinco com autismo e uma com síndrome de Down, oriundas da comunidade, atendidos por 11 estagiários do Curso de Educação Física. As intervenções ocorreram em uma brinquedoteca universitária, uma vez por semana, com duração de uma hora, no ano de 2016. A coleta de dados realizou-se por meio observação participante, filmagem das aulas, registros em diário de campo das aulas e das discussões realizadas com os estagiários/brinquedistas e seus relatórios sobre as intervenções. Para atender às especificidades das crianças com deficiência, entendemos que, muitas vezes, há a necessidade de uma reconfiguração dos espaços educativos em que esses sujeitos estão inseridos de maneira a criar condições favoráveis ao seu desenvolvimento. Caminhos alternativos e recursos especiais (VIGOTSKI, 1997) são necessários para tracionar o desenvolvimento de crianças com deficiência, inclusive em relação à brincadeira, tendo em vista seu modo de funcionamento psíquico e condições de interação com os outros e com o meio físico. Discorrendo sobre a criança com deficiência, Vygotsky (2011, p. 867) afirma que o meio social não está adaptado às especificidades dessa criança e ressalta que [...] a educação surge em auxílio, criando técnicas artificiais, culturais, um sistema especial de signos ou símbolos culturais adaptados às peculiaridades da organização psicofisiológica” dessas crianças. Diante disso, o ambiente da brinquedoteca evidencia-se como um importante cenário em que vias alternativas podem ser pensadas para inserção de crianças com autismo nesse espaço e para a realização de atividades lúdicas que favoreçam seu desenvolvimento. Sendo assim, os resultados indicam que o trabalho na brinquedoteca, tendo a participação de professores com olhar atento para as especificidades, participação colaborativa dos membros envolvidos, planejamento, replanejamento e avaliação, contribuiu para participação conjunta dos alunos, respeitando suas características e necessidades individuais, favorecendo a aprendizagem e interação de todos.
Palavras-chave: Educação Física Inclusiva. Autismo. Brincadeira. Criança.

Palavras-chave


Educação Física Inclusiva; Autismo; Brincadeira; Criança.

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