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A INCLUSÃO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA: UM ESTUDO DOCUMENTAL
Ana Karla Rodrigues Pereira, Ana Márcia Silva

Última alteração: 2017-01-23

Resumo


Palavras­chave: Formação Profissional; Educação Física; Inclusão.
APRESENTAÇÃO
Este trabalho foi desenvolvido vinculado à pesquisa mais ampla intitulada “Análise comparativa do Perfil de Formação Profissional em Educação Física: a América Latina em foco” (SAP nº 39.289 2013/2015) desenvolvida no Laboratório Physis de Pesquisa em Educação Física, Sociedade e Natureza (Labphysis-FEF/UFG) desde o ano de 2013.
OBJETIVOS
Geral:
- Analisar a presença da temática da inclusão na legislação educacional e projetos curriculares de cursos de formação de professores no campo da Educação Física no Brasil.
Específico:
- Identificar a existência e a natureza do tema da inclusão nas legislações de Estado que regulamentam a formação de professores para educação básica e, especialmente, no campo da Educação Física;
- Identificar como as políticas de inclusão previstas na constituição e demais legislações educacionais estão presentes nos Projetos Políticos Pedagógicos (PPPs) dos cursos de Educação Física.
METODOLOGIA
Pesquisa foi de cunho qualitativo, empregando técnica de Análise de Conteúdo (BARDIN, 2006). Paralelamente a coleta de dados, houve a construção de um referencial teórico selecionando e realizando revisões de literatura e reflexões, além de construirmos as categorias de análise de dados, a partir dos objetivos do plano de trabalho estabelecidas a priori e das categorias que emergiram do material empírico (MINAYO, 1998).
A partir de um levantamento e catalogação dos documentos disponíveis no banco de dados da pesquisa mais ampla, conferindo e atualizando legislações e diretrizes políticas educacionais e, em especial, no campo da Educação Física. Num segundo momento, fizemos uma amostragem de 10%, considerada adequada e, de acordo com as informações do Ministério da Educação (EMEC, 2015) de que haviam 826 cursos de Licenciatura em Educação Física em 2015 no país, utilizamos como critérios: 1) rede pública e privada; 2) modalidade presencial e à distância e; 3) por cada uma das 5 regiões do país. Como apoio para a catalogação e análise dos documentos utilizamos o software Nvivo®, versão 11. 0.
RESULTADOS
A exclusão e a inclusão são temas polêmicos e representam os fatos que estão presentes na sociedade e que são reforçados por modelos capitalistas de ordem econômico-social. Trata-se de um par dialético, onde o conteúdo é explicitado de acordo com a forma de abordagem. Solucionar tais problemáticas implica a resolução da contradição fundamental de ordem sócio-histórico-cultural, trabalho e capital (FREITAS, 2003).
Com a utilização do software de análise quantitativa já mencionada, desenvolvemos alguns estudos identificando os principais termos presentes nos PPPs dos cursos de formação profissional das instituições de ensino superior no Brasil que foram analisados neste estudo. Dos 74 documentos que foram encontrados online da amostra de 83 selecionados, os termos inclusão e inclusiva foram encontradas em 43 documentos, perfazendo um total de apenas 58% dos documentos apresentarem estes importantes termos e estando totalmente ausente de PPPs de dezenas de cursos estudados. Tais termos estão presentes em nomes de disciplinas, ementas, perfil do egresso e referências bibliográficas.
A partir da pesquisa de texto nos documentos das instituições, identificou-se que Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) foi aquela em que o termo inclusão foi citado mais vezes, 59 vezes no total e na grade curricular 3 vezes. Já no documento da Fundação Universitária para o Desenvolvimento do Vale do Itajaí (UNIDAVI), por exemplo, o termo “inclusiva” foi mencionada 6 vezes. A estruturação curricular é divida por núcleos estruturantes, onde no “Núcleo de Aprofundamento e Diversificação de Estudos voltados à área de atuação profissional “Formação Ampliada” consta uma disciplina de Educação Inclusiva.
Ao analisar a nuvem de palavras dos PPPs de instituições que oferecem a formação profissional para tal competência, surgem indagações acerca da abordagem do tema de inclusão e/ou diversidade, pois os termos não são mencionados. De acordo com o Conselho Nacional de Educação, Resolução CNE/CP 1, de 18 de fevereiro de 2002, a formação do profissional do professor, incluindo os de Educação Física, deve preparar o futuro docente para saber lidar com o “acolhimento e trato com a diversidade”. A materialização dessa ideia nos currículos, propiciaria que o futuro profissional estivesse apto a trabalhar de forma coerente e possibilitando a inclusão no âmbito da Educação Básica.
CONCLUSÕES
A pesquisa foi de grande relevância, pois a partir da mesma foi possível analisar e compreender as realidades, quanto às políticas públicas educacionais sobre inclusão do Brasil, temática política e acadêmica cada vez mais importante para a formação de professores.
Identificamos que os termos inclusão e inclusiva/o, significativos nesta pesquisa, não estão muito presentes nos documentos analisados, especialmente considerando as exigências legais. Em matrizes curriculares dos cursos de licenciatura as disciplinas de Educação Física adaptada e LIBRAS são aqueles que aparecem com relativa frequência nos documentos analisados. A formação continuada pode ser uma possibilidade que o professor de Educação Básica possa suprimir as lacunas ocorridas durante a formação.
Em relação às legislações federais que regulamentam a formação de professores, é importante estar atento à inserção e efetivação de tais políticas educacionais nas instituições de formação em nível superior. Buscar um ensino que propicie a inclusão do discente com alguma deficiência ou necessidades especiais e, também, uma formação onde o profissional esteja apto para trabalhar com indivíduos que tenham algum tipo de deficiência parece ser uma meta importante. Tal desafio de uma educação inclusiva deve ser enfrentado por todos, contando com a ajuda dos diretores das unidades acadêmicas, dos docentes, estudantes e pesquisadores para as possíveis soluções e alternativas para a formação deste profissional.
REFERÊNCIAS
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2006.
BRASIL. Decreto n. 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei n. 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras, e o art. 18 da Lei n. 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Diário Oficial da União, Brasília, 23 dez. 2005.
CIDADE, R. E.; FREITAS, P. S. Educação Física e Inclusão: Considerações para a Prática Pedagógica na Escola. Integração, v. 14 - Edição Especial - Educação Física Adaptada -, p. 27-30, 2003.
CNE. Resolução CNE/CP 1/2002. Diário Oficial da União, Brasília, 9 de abril de 2002. Seção 1, p. 31. Republicada por ter saído com incorreção do original no D.O.U. de 4 de março de 2002. Seção 1, p. 8.
MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 5. ed. São Paulo: Hucitec-Abrasco, 1998.