Sistema Online de Apoio a Congressos do CBCE, III Congresso Norte-brasileiro de Ciências do Esporte

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O LAZER CONTEMPORÂNEO NO AMBIENTE URBANO DE BELÉM – PA
Danielle Cabral, Patrícia Cabral, Mirleide Bahia

Última alteração: 2012-08-17

Resumo


As constantes transformações do espaço urbano modificam também os hábitos e estilos de vida das pessoas que nele vivem, supondo-se a incorporação e o surgimento de novos hábitos de lazer. Nesta pesquisa objetivou-se discutir como as transformações no ambiente urbano ocasionam mudanças nas práticas de lazer dos citadinos. Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem qualitativa, combinando pesquisa bibliográfica e de campo (entrevistas semi-estruturadas), direcionadas aos usuários de duas Praças Públicas e de um Parque Ambiental de Belém-PA. Nos resultados foi possível perceber que, em virtude das novas formas de configuração do espaço urbano, as opções de lazer em áreas naturais situadas dentro das cidades tornaram-se cada vez mais escassas e as oportunidades de viagens para lugares com a natureza sem muitas intervenções humanas se tornaram dispendiosas para uma grande parcela da população. As praças, por sua vez, são freqüentadas pela parcela de poder aquisitivo mais baixo, por falta de outras opções de lazer gratuito. A insegurança, a falta de manutenção, a falta de programação de lazer são fatores apontados como grandes barreiras para uma maior frequência desses espaços. Nas últimas décadas, são intensos os investimentos em equipamentos privados, como parques, shopping centers, bares e casas noturnas, tudo para o estímulo ao “consumo” do lazer. Os espaços privatizados, como os shoppings centers, configuram-se como ícones de uma coletividade que aprecia o espetáculo do consumo de bens materiais e de lazer-mercadoria (PADILHA, 2008). Observa-se uma tendência à privatização das vivências cotidianas, traduzidas na limitação das pessoas ao uso de seu espaço doméstico e a seus equipamentos tecnológicos (televisão, vídeo, DVD, computador), sendo estes os mediadores de seu contato com a realidade e com a cidade. A procura pelo espaço privado está ligada principalmente à segurança que este proporciona em relação ao espaço público. Com relação às possibilidades e limitações para o usufruto do lazer no meio urbano, conclui-se que algumas práticas de lazer são restritas em função do fator financeiro, da manutenção precária dos espaços públicos, da carência de animação sociocultural e da não divulgação das programações gratuitas, refletindo a ausência do Poder Público na elaboração de Políticas Públicas de Lazer que beneficiem parte majoritária da população. Apesar de notória importância das áreas verdes nos centros urbanos (parques, áreas protegidas ou praças), como uma alternativa de um maior contato com espaços naturais, infelizmente, nota-se que essa necessidade vem sendo, em muitos casos, manipulada pela mídia e pela indústria cultural, no sentido mercadológico, associando alguns produtos ao “verde” (BAHIA; SAMPAIO, 2005), muitas vezes sem a preocupação com um planejamento sustentável e estudos da capacidade de carga das áreas utilizadas. A reordenação do espaço urbano e dos espaços de lazer se faz necessária e urgente, com a implementação de políticas voltadas a uma concepção mais aberta de cidade, a qual possa atender, além das funções econômicas e sociais, a função cultural e a melhoria da qualidade de vida da população.

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