Sistema Online de Apoio a Congressos do CBCE, IV CONECE

Tamanho da fonte: 
FUTEBOL FEMININO AMADOR, GÊNERO E FAMÍLIA: NOTAS SOBRE A PRÁTICA DESTA MODALIDADE NA CIDADE DE AMARGOSA/BA.
Hallana Ferreira Gibaut, Priscila Gomes Dornelles

Última alteração: 2012-11-13

Resumo


O futebol é uma modalidade de tradição sócio cultural no Brasil, e, ao longo de sua história, passou por modificações estruturais e, econômico-sociais que possibilitaram reconhecimento mundial constituindo-se num espetáculo esportivo da atualidade. Entretanto, sua visibilidade no âmbito mundial e o seu crescimento nas esferas econômica e social se deram com base no futebol masculino. Considerando a pouca visibilidade dada à história do futebol feminino, o presente estudo visa investigar uma das vertentes desta história com foco na problematização das condições para a prática desta modalidade por mulheres em uma cidade do interior baiano. As questões norteadoras desta pesquisa são: como se dá a relação do apoio familiar às jogadoras amadoras de futebol feminino no contexto da cidade de Amargosa/BA? Em que medida as questões de gênero atravessam e constituem esta prática contribuindo ou dificultando experiência com este elemento da cultura corporal?
Esta investigação apresenta como caminho metodológico o uso de observações e anotações em diário de campo objetivando produzir informações a partir dos momentos de treino e jogos amistosos de um grupo de jogadoras amadoras na cidade de Amargosa – BA. Além disso, após análise deste material, selecionaremos dez jogadoras para colaborar com esta investigação a partir de uma agenda de entrevistas com um roteiro semi-estruturado. Com isso, buscamos compreender e visibilizar os “trilhos” do futebol feminino na cidade de Amargosa a partir de provocações políticas sobre como as relações de gênero, educação e família tem força nos espaços sociais e coletivos de prática deste esporte.
No planto teórico-político, importa dizer por muito tempo o futebol esteve no rol das atividades físico-desportivas desaconselhadas para o público feminino. Expressa no corpo feminino, esta impossibilidade estava atrelada a condição reprodutiva feminina. Com força no discurso eugênico, modalidades esportivas como boxe, hipismo e o futebol eram consideradas inadequadas à estrutura física feminina por uma suposta implicação na formação do corpo feminino – instituídos discursivamente como fundamental na conformação de novos cidadãos brasileiros. Este e outros discursos constituíram destinos distintos para homens e mulheres com relação à experiência com as práticas corporais e esportivas. A força de alguns destes discursos reflete na naturalização de modalidades esportivas como próprias do masculino e do feminino distintamente.
Nesse sentido, consideramos necessárias análises que discutam como as concepções de gênero se atravessam ao e produzem a relação social com o esporte. Nesse tom, assumimos gênero como construído pela cultura e pela sociedade, conforme as provocações de Silvana Vilodre Goellner (2000), para analisar como, nos dias atuais, se constituem experiências positivas de prática do futebol por mulheres nos espaços de lazer de uma cidade do interior baiano.
Para dar conta disto, apresentamos algumas informações de uma pesquisa em andamento. Após cinco observações realizadas e análise dos diários de campo verificamos a presença de um número de trinta e cinco jogadoras com idades variando entre 15 e 35 anos. As jogadoras participam de torneios realizados dentro e fora da cidade. São netas, sobrinhas, filhas, tias, mães, comerciantes, feirantes, domésticas. Seus treinos ocorrem quatro vezes por semana nas áreas de lazer públicas da cidade.
Até o momento, não encontramos familiares nos treinos ou em jogos disputados, contudo há uma presença contínua de espectadores/as, os quais, em geral, são amigos/as e/ou conhecidos/as das mesmas. Nestes jogos femininos, não percebemos a participação masculina nas atividades.
Por último, importa dizer que, em levantamentos teóricos realizados em revistas científica conceituadas da área da Educação Física, não encontramos uma produção mínima sobre a relação entre futebol feminino e apoio familiar, demonstrando a necessidade de explorar este tema na área científica. Em relação às discussões de gênero no futebol feminino, encontramos um contexto mais consistente.

Texto completo: PDF