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UMA ANÁLISE TEÓRICO-PRÁTICA DE UMA PROPOSTA PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: O CASO DO IFFAR CAMPUS SANTO AUGUSTO
Luciano de Almeida, Fabrício Doring Martins, Paulo Evaldo Fensterseifer

Última alteração: 2020-08-18

Resumo


INTRODUÇÃO
A Educação Física passou por diferentes mudanças em seus discursos legitimatórios e em seus marcos legais (o que não necessariamente encontrou acolhida no contexto escolar), alcançando o status de disciplina, o que exige dela uma responsabilidade de passar de mero espaço de atividades (“exercitar-se para”) para um campo de tematização capaz de tratar pedagogicamente os temas relacionados à cultura corporal de movimento e produzir um saber acerca desses temas, diferentemente de outras instituições sociais .
Nosso objetivo nesse estudo é o de construir um aporte teórico a partir da leitura de algumas referências que consideramos pertinentes para uma proposta ou organização curricular para a Educação Física estabelecendo um diálogo com nossa intervenção pedagógica (o que estamos fazendo?) e as diretrizes que norteiam a Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2018) para o campo de tematização na especificidade do ensino médio.

UM DIÁLOGO CONSTANTE COM NOSSA INTERVENÇÃO: O QUE ESTAMOS FAZENDO?
Adotamos como metodologia de referência a pesquisa-ação que relaciona dois tipos de objetivos: objetivo prático, com vistas a contribuir para o levantamento de soluções e propostas de “solução” para o problema central da pesquisa e o objetivo de conhecimento, para “obter informações que seriam de difícil acesso por meio de outros procedimentos” (THIOLLENT, 1988, p. 18). Essa adoção nos permite dialogar com nossa intervenção apontando os acertos e limites de nossa proposta, contemplando os diferentes tipos de conhecimento com as manifestações culturais relacionadas às possibilidades do se-movimentar; às práticas corporais sistematizadas vinculadas ao campo do lazer, o cuidado com o corpo e à promoção da saúde e as estruturas e representações sociais que atravessam esse universo (composta pelos conceitos) (GONZÁLEZ; FENSTERSEIFER, 2010).
Podemos perceber no desenvolvimento das Unidades Didáticas que temos realizado, os desdobramentos das dimensões do conhecer na Educação Física escolar que potencializam a “formação de indivíduos dotados de capacidade crítica em condições de agir autonomamente na esfera da cultura corporal de movimento” (GONZÁLEZ; FENSTERSEIFER, 2010, p. 12). Essa afirmação se sustenta, por exemplo, quando um aluno questiona a monocultura esportiva ou a questão de gênero nos esportes de lazer (“conhecimento crítico”), quando percebe os elementos comuns nos esportes de invasão (“conhecimento técnico”), quando consegue fazer uma bandeja no basquete e fazer a cesta, algo que nunca havia nem tentado (“saberes corporais”) ou, ainda, quando questiona os colegas sobre a participação de todos nos jogos, e que todos devem ter a mesma chance de aprender, pois se trata de uma aula de Educação Física (esporte escolar) e não de treinamento de uma escolinha (dimensão ética da aprendizagem).

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
O referencial aqui adotado, continua nos inspirando a repensar nossa tarefa educativa, considerando: o caráter processual do conhecimento (que se dá a cada vez); as demandas que provêm dos marcos legais; a intencionalidade pedagógica em uma disciplina escolar; os diferentes tipos de conhecimento com as manifestações culturais relacionadas ao corpo, ao se-movimentar, ao campo do lazer e à promoção da saúde; e, ainda, a importância de nosso protagonismo na elaboração e reelaboração constante de novas proposições para nosso campo de tematização.
Nosso diálogo com a Base Nacional Comum Curricular (em vias de implementação?), ainda se encontra em um estágio embrionário, uma vez que o documento vem passando por um processo criterioso de planejamento, análise, avaliação... e submetida à várias críticas pelos referenciais com que opera. O vínculo com a intervenção pode potencializar uma análise mais aprofundada do documento, apontando as possibilidades e limites do mesmo em situação.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica. Ensino Médio. Brasília: MEC, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-content/uploads/2018/04/BNCC_EnsinoMedio_embaixa_site.pdf. Acesso em: 10/06/2018.

GONZÁLEZ, F. J.; FENSTERSEIFER, P. E. 2010. Entre o “não mais” e o “ainda não”: pensando saídas do não lugar da ef escolar II. Cadernos de Formação RBCE, 10-21.

THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 1988.

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