Sistema Online de Apoio a Congressos do CBCE, XI Congresso Brasileiro de Atividades de Aventura

Tamanho da fonte: 
APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA COMPARADA COM LOCAIS EXISTENTES NO BAIRRO E UTILIZAÇÃO PARA PRÁTICA ESPORTIVA E DE LAZER DE ESCOLARES
Sonimar de Souza, Ana Paula Sehn, Kelin Cristina Marques, Leticia de Borba Schneiders, Priscila Tatiana da Silva, Jane Dagma Pollo Renner, Cézane Priscila Reuter

Última alteração: 2020-08-18

Resumo


PALAVRAS-CHAVE: crianças; adolescentes; aptidão cardiorrespiratória.

INTRODUÇÃO
Caracterizados como favoráveis para a prática de atividade física, os locais públicos e de lazer tem sido de grande influência no comportamento ativo da população. Diante da alta prevalência de escolares sedentários na atualidade, torna-se de extrema importância desenvolver estudos sobre os espaços públicos e de lazer que propiciam a prática de atividade física, através de suas características como o status econômico, a localização, segurança, clima, entre outros (RIBEIRO, 2017). Os níveis de aptidão cardiorrespiratória (APCR) do escolar estão diretamente ligados à prática de atividade física, ao bem-estar e a sua saúde global. Além disso, é um importante preditor de risco para doenças respiratórias e cardiometabólicas (KANTOMAA et al., 2015; BANGSBO et al., 2016). Portanto, medidas que promovam a melhoria dos fatores relacionados, influenciam no estilo de vida do indivíduo, bem como, na sua saúde (DOBBINS et al., 2013; FERRO et al., 2016).

OBJETIVOS
Comparar a aptidão cardiorrespiratória de crianças e adolescentes com os locais existentes no bairro e com locais utilizados para a prática esportiva e de lazer.

MÉTODO
Trata-se de um estudo transversal com 2151 escolares de 6 a 17 anos, sendo 1622 adolescentes, de escolas públicas e privadas do município de Santa Cruz do Sul-RS. O presente estudo é recorte de uma pesquisa mais ampla denominada “Saúde dos Escolares – Fase IV”, sob número CAAE: 54982616.7.0000.5343 e parecer nº: 1.498.305.
A APCR foi verificada por meio do teste de corrida/caminhada de 6 minutos, conforme os protocolos do Projeto Esporte Brasil (PROESP-BR, 2016). Os locais existentes no bairro e os locais mais utilizados para a prática esportiva de lazer foram avaliados através de questionário autorreferido, elaborado e utilizado na pesquisa de Burgos et al. (2015).
As análises estatísticas foram realizadas no programa estatístico SPSS, versão 23.0. Para caracterização dos sujeitos foi utilizada a estatística descritiva, por meio frequência e percentual. A normalidade dos dados foi verificada pelo teste de Shapiro-Wilk e a comparação entre as variáveis foi realizada através do teste U de Mann-Whitney, considerando o nível de significância para p<0,05.

ANÁLISE E DISCUSSÃO
A amostra deste estudos foi composta por 56,0% dos escolares do sexo feminino, 75,4% eram adolescentes e 88,5% residiam na zona urbana. Os escolares apresentaram 55,1% da APCR em zona de risco. Em relação aos locais existentes no bairro para prática esportiva e de lazer 94,7% referiram ter entre zero a três locais, e quanto aos locais utilizados para prática esportiva e de lazer 82,1% utilizavam de zero a três locais.
Ao comparar valores medianos de locais existentes no bairro para prática esportiva e de lazer com a APCR, percebeu-se que a APCR foi maior naqueles escolares que tinham entre quatro a sete locais existentes no bairro (p=0,001). Assim como, aqueles escolares que utilizavam de quatro a sete locais para prática esportiva e de lazer (p=0,001), obtiveram maiores valores de APCR. A maior existência de locais destinados a prática de atividade física no bairro estão associados a maiores chances do lazer de crianças e adolescentes ser destinados a atividade física (GOMES et al., 2016). A atividade física tanto ocupacional, esportiva e de lazer foram associados a maiores níveis de APCR de adolescentes brasileiros (SILVA et al., 2016). Além disso, melhores níveis de APCR em escolares pode ter relação com a atividade física moderada a vigorosa de 3 a 6 horas semanais, assim como, a participação nas aulas de Educação Física (COLEDAM et al., 2016). Independentemente de qual seja o status socioeconômico, gênero, etnia ou deficiências, os locais de práticas esportivas e de lazer além de oportunizar a melhora nos níveis da saúde cardiorrespiratória através da prática de atividade física, desenvolvem a promoção da saúde e a inclusão social (BANGSBO et al., 2016).

CONCLUSÕES
Dessa forma, observou-se que tanto os locais existentes no bairro quanto os locais mais utilizados para prática esportiva e de lazer, os escolares que referiram valores superior de quatro locais equivaleram níveis maiores de APCR em comparação com aqueles que refiram menos que três locais. Sugere-se a implementação de locais públicos que possam desenvolver a promoção da saúde, através de espaços para esporte e lazer, incentivando a atividade física e o esporte na infância.


REFERÊNCIAS

BURGOS, M. S. et al. Saúde dos escolares - Fase III. Avaliação de indicadores bioquímicos, genéticos, hematológicos, imunológicos, posturais, somatomotores, saúde bucal, fatores de risco às doenças cardiovasculares e estilo de vida de escolares: estudo em Santa Cruz do Sul-RS (Projeto de Pesquisa). Santa Cruz do Sul: UNISC, 2015.

BANGSBO, J. et al. The Copenhagen Consensus Conference 2016: children, youth, and physical activity in schools and during leisure time. BMJ Open Sport Exercise Medicine, v. 50, n. 19, p. 1177-1178, 2016.

COLEDAM, D. H. C et al. Fatores associados à aptidão cardiorrespiratória de escolares. Revista Brasileira de Medicina no Esporte, v. 22, n. 1, p. 21-26, 2016.

DOBBINS. M, et al. School-based physical activity programs for promoting physical activity and fitness in children and adolescents aged 6 to 18. Cochrane Database System Review, v. 2, n. 2, 2013.

FERRO. D. A, et al. The effects of physical activity and fitness in adolescence on cognition in adulthood and the role of insulin-like growth factor I. Journal of Physical Activity and Health, v. 13, n. 4, p. 392-402, 2016.

GOMES, C. S. et al. Physical and social environment are associated to leisure time physical activity in adults of a brazilian city: a cross-sectional study. PLoS ONE, v. 11, n. 2, p. 1-11, 2016.

KANTOMAA, M. T. et al. High levels of physical activity and cardiorespiratory fitness are associated with good self-rated health in adolescents. Journal of Physical Activity and Health, v. 12, n. 2, p. 266-272, 2015.

PROESP-BR. Projeto Esporte Brasil. Manual. 2016. Disponível em: Acesso em: 09 out. 2018.

SILVA, D. R. et al. Correlatos da prática esportiva, atividade física ocupacional e de lazer em adolescentes brasileiros. American journal of human biology, v. 28, n. 1, p. 112-117, 2016.

Texto completo: PDF