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EDUCAÇÃO FÍSICA: UMA FORMAÇÃO PARA ALÉM DA ESCOLA?
Franciel Cavalli, Tania Micheline Miorando, Leandro Oliveira Rocha

Última alteração: 2018-10-30

Resumo


PALAVRAS-CHAVE: Educação Física Escolar; Educação Física; Ensino Médio.

INTRODUÇÃO
Este estudo tem por objetivo compreender como estudantes egressos no Ensino Médio percebem a Educação Física Escolar e quais aprendizagens foram construídas junto a esse componente curricular ao longo dessa etapa de escolarização. Nesse sentido, a pesquisa apresenta como eram as aulas de Educação Física da escola investigada e os conhecimentos abordados e identificar como os egressos relacionam os conhecimentos construídos na Educação Física com sua vida depois de concluído o processo de escolarização no Ensino Médio.

METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa qualitativa descritiva (GERHARDT; SILVEIRA, 2009) realizada com dez estudantes egressos (cinco homens e cinco mulheres) da única escola pública estadual de um município localizado na região da Serra do Estado do Rio Grande do Sul. A escola tem somente um professor de Educação Física, o qual atua na escola a mais de 15 anos e, por isso, foi professor de todos os participantes de pesquisa ao longo dos três anos de Ensino Médio.
As informações foram coletadas em abril e maio de 2018, através de uma entrevista semiestruturada (gravada e transcrita) com cada estudante egresso, analisadas conforme processo denominado por análise de conteúdo (BARDIN, 2012) e deram origem às duas categorias de análise da pesquisa.

APRENDIZAGENS CONSTRUÍDAS
Conforme os participantes da pesquisa, as aulas de Educação Física no seu tempo de escolarização foram todas pautadas no conhecimento de regras e técnicas esportivas ou voltadas a informações sobre saúde, qualidade de vida e convívio social. Embora haja conhecimentos relevantes para a formação dos estudantes, os entrevistados não encontram sentido nas práticas pedagógicas desenvolvidas ao longo do Ensino Médio e têm dificuldades em estabelecer conexões entre suas aprendizagens e a vida depois de concluída a escolarização, algo que relacionamos com a falta de discussões e problematizações sobre a cultura corporal (BRACHT, 2011).

PERCEPÇÕES E POSSIBILIDADES
Diante da dificuldade de compreender a relevância das aprendizagens construídas na Educação Física, os entrevistados comentaram sobre o que faltou ou poderia ser inserido nas aulas. Dessa forma, os próprios estudantes egressos evidenciaram a necessidade de diversificar as práticas corporais, uma vez que, atualmente sentem falta de conhecer e compreender melhor outras manifestações culturais como as danças e as lutas, embora gostassem das práticas esportivas quando estudantes. Além disso, quando relacionam as experiências escolares com situações cotidianas e profissionais, entendem que a Educação Física poderia proporcionar momentos de discussão e análise sobre as práticas corporais para mobilizar a construção de conhecimentos de cunho social e cultural, mesmo que, para todos eles, ainda fique a dúvida se essas reflexões façam parte da Educação Física. Por fim, destacam a importância do professor de Educação Física para relacionar propostas educativas e práticas pedagógicas com as realidades dos alunos e mediar a construção de conhecimento que tenham sentido depois de findado o processo de escolarização.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa identifica o caráter formativo da Educação Física escolar, embora, muitas vezes seja reduzido a conhecimentos de cunho esportivo. Nesse caso, a partir das falas dos próprios estudantes egressos, fica evidente a importância de processos de formação crítica e conceitual para potencializar aprendizagens e sustentar sua a relevância educativa da Educação Física. Não obstante, o professor é entendido como elemento central no processo educacional, pois, é sua a tarefa de desenvolver práticas educativas com didática e intencionalidade pedagógica definida.
Em conclusão, a pesquisa sustenta a potencialidade dos estudos qualitativos junto aos estudantes para escutá-los, compreender suas perspectivas e aprofundar análises interpretativas. O que sugere assumir o posicionamento político e a postura autocrítica para promover uma Educação Física qualificada e compreender a diversidade cultural e crítica social como propostas que favoreça os estudantes a se assumirem como sujeitos pensantes e cientes do seu protagonismo social.

REFERÊNCIAS
BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2012.
BRACHT, V. Cultura Corporal, Cultura de Movimento ou Cultura Corporal de Movimento? In: SOUZA JÚNIOR, M. (org.). Educação Física Escolar. Recife: EDUPE, 2011, p. 99-109.
GERHARDT, T.E.; SILVEIRA, D.T. Métodos de Pesquisa. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009.

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