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CORPO-TERRITÓRIO: Educação afro-brasileira na formação docente
EDUARDO OLIVEIRA MIRANDA, MARIA CECÍLIA OLIVEIRA de Paula Silva

Última alteração: 2018-08-27

Resumo


Resumo: Tecer um artigo que envolve narrativas cartográficas se configura como um movimento de idas e voltas às lembranças, aos receios, anseios, desejos, entre tantas outras afetividades visitadas. É mexer em gavetas abertas e ao mesmo tempo colocar muito impulso para abrir portas trancafiadas. Dessa forma, a presente produção textual abarca uma práxis pedagógica em uma turma de Licenciatura em Geografia da Universidade Federal da Bahia, precisamente no componente curricular de Estágio Supervisionado I, no semestre 2015.2, ano 2016. Uma série de provocações são articuladas ao longo do texto com a finalidade de tensionar a concepção do currículo pautada exclusivamente na concepção eurocêntrica de legitimar a ciência. Para tal, recorremos a Sodré (2012) e a Boaventura (2002) com a finalidade de propor um outro olhar para a formação de educadores, onde as mais variadas experiências tenham a possibilidade de serem evidenciadas, com isso, provocar a instabilidade do pensamento monocultural. Nesse prisma, criamos o projeto Atiba-Geo: narrativas, formação e educação afrobrasileira com a prerrogativa de inserir na ementa oficial do componente curricular valores civilizatórios africanos e afrobrasileiros, os quais estão amparados na Lei 10.639/03, bem como nas diretrizes curriculares para o Ensino Superior e Educação Básica. Para tal, traçamos os objetivos do projeto Atiba-Geo: a) desenvolver encruzilhadas teóricas entre formação docente e epistemologias afrobrasileiras; b) construir em coletivo as articulações entre Educação Geográfica e a lei 10.639/03; c) conhecer as narrativas de vida de cada um dos envolvidos no Atiba-Geo através do Desenho Singular. A partir disso, relacionamos ao cotidiano acadêmico três tipos de razões elucidadas por Boaventura (2002): Razão Indolente; Razão Metonímica; Razão Proléptica. Para tal, verificamos a resistência que os educandos apresentam em se permitir dialogar sobre temas que extrapolam os veios das literaturas da ciência positivista. Essa afirmativa se deu com respaldo na metodologia desenvolvida com Na busca por respostas criamos um método embrionário nomeado de Desenho Singular com a finalidade de estabelecer os diálogos com os educandos e educandas envoltos no Atiba-Geo o que repercutiu na Cartografia do Desenho Singular subdividida em três momentos/quadrantes: 1° quadrante (primeiro dia de aula) – Como se deu o seu caminhar na Educação Básica?; 2° quadrante (em meados do semestre) – As discussões em Estágio I acrescentou algo na formação da sua identidade docente?; 3° quadrante (último dia de aula) – Após os meses de discussões, qual a sua compreensão sobre Educação e Ensino de Geografia? Para viabilizar as respostas, os discentes receberam um escudo dividido em três quadrantes e cada um deles deveriam expor as suas respostas, exclusivamente, com desenhos. Acerca da categoria Cartografia, recorremos as contribuições de Deleuze e Guattari (1995), que elucidam o fazer cartográfico para além da estática produção de mapas geográficos, ou seja, as nossas ações diárias são repletas de linhas, nós, pontos, tangentes que se encontram e podem proporcionar desconstruções, bem como, uma variedade de possibilidades. Com isso, associar o Desenho Singular à Cartografia se configura como caminho para tornar potente as subjetividades que cada um consegue expressar através dos veios desenhísticos, os quais foram socializados e explicados em rodas de diálogos. Tais partilhas efervesceram o diálogo, posto que os discentes perceberam que somos seres repletos de experiências que em muitos momentos, independente da escala, se liga em redes aos acontecimentos verificados na vida do outro. Ao passo de perceber que mesmo não tendo ligação direta com as experiências do outro, podemos efetivar as alteridades e acrescer conhecimentos interculturais. Traçar as linhas do projeto Atiba-Geo significou verificar que a formação de professores e professoras precisa pautar o que está posto organicamente em sala de aula, no nosso caso, as questões étnico raciais.

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