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TIANA E MERIDA: DUAS PERSONAGENS EMPODERADAS
CARLA BORGES DE ANDRADE, Amanda Leite Novaes, Suzana Alves Nogueira Souza

Última alteração: 2018-08-29

Resumo


O presente estudo é um recorte da pesquisa “O empoderamento feminino nos desenhos animados de cinema do Século XXI”, em andamento, no qual apresentamos as personagens femininas empoderadas que têm marcado o cinema de animação mundial. Aqui trazemos a análise de duas dessas personagens, Tiana e Merida, com o objetivo de identificar as características do empoderamento feminino nos dois filmes que introduzem a temática nesse tipo de produção. Os métodos utilizados foram a Pesquisa Documental e a Análise Fílmica. Após os anos 2000, devido ao contexto histórico e político caracterizado pela quebra de padrões, os desenhos animados de cinema reforçaram ainda mais o discurso emergente do empoderamento feminino, traduzindo-o a uma linguagem acessível à compreensão infantil e de rápida circulação, influenciando as crianças de hoje a compreenderem a realidade nascente e a modificarem a sociedade futura (PILLAR, 2007). Compreendemos o empoderamento como o processo em que a pessoa detém o controle de sua vida (LEÃO; SOARES-CORREIA, 2016), fortalecendo seu sentimento de poder, de competência, de autovalorização e autoestima (KLEBA; WENDAUSEN, 2009). Isso fica muito evidente em “A Princesa e o Sapo” (2009), da Disney, com a personagem Tiana: negra e pobre, a moça é determinada, batalhadora, persistente, sonhadora e otimista. Seus sonhos a impulsionam na conquista da felicidade proveniente de realização pessoal e de muito trabalho. Tiana é um outro tipo de mulher (KLONTAI, 2009), uma mulher empoderada, e vai em busca do próprio sonho, mantendo-se dona de si. “A Princesa e o Sapo” rompe com os padrões dos desenhos animados da Disney, por ser a primeira produção em que a mulher realmente assume seu protagonismo, sem se deixar ofuscar pelos personagens masculinos. Já em 2012, a temática do empoderamento feminino tem em “Valente” sua maior expressão. Trata-se da história da princesa Merida, uma adolescente que não se conforma com as tradições, mas luta por si, por suas ideias e metas e acredita que, para isso, precisa mudar a mãe, perfeita personificação do conservadorismo. No entanto, ao tentar fazê-lo, Merida acaba mudando a si mesma e aprendendo o real sentido das tradições do seu povo. Embora o filme ambiente-se em um contexto medieval, Merida é uma princesa dos nossos dias. Se tivesse aparecido no Século XX, muito provavelmente teria sido censurada ou excluída das telas por seu caráter insubordinado. Certamente, seria compreendida como mau exemplo, menina indisciplinada e desobediente. Entretanto, ela surge justamente numa época em que as pessoas são capazes de concebê-la como empoderada, e de admirá-la por sua determinação, coragem e valentia. Assim, tanto em “Valente” como em “A Princesa e o Sapo” não há espaço para assertivas, como: “manda quem pode, obedece quem tem juízo”: esses desenhos animados mostram o tempo todo que as decisões precisam ser autônomas e conscientes, respeitando as diversidades, as diferenças e as subjetividades. E que cabe às mulheres decidirem por si mesmas, sem interferências ou influências masculinas, como empoderadas que são, verdadeiras senhoras de si, independentemente da idade que tenham!

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