Sistema Online de Apoio a Congressos do CBCE, V Seminário Nacional Corpo e Cultura CBCE I Seminário Internacional Corpo e Cultura CBCE IV Sem. Nacional e Intern. HCEL

Tamanho da fonte: 
CORPO, CULTURA E EDUCAÇÃO – A PRODUÇÃO DE SENTIDO NO JORNAL ESCOLAR O APRENDIZ DA ESCOLA TÉCNICA DE SALVADOR (1943-1947)
Fátima de Araújo Góes Santiago

Última alteração: 2018-08-29

Resumo


Sendo o corpo moldado na relação com o mundo, pelo contexto social e cultural, ele é linguagem carregada de sentido. O corpo produz sentidos. Nele são impressas as marcas humanas construídas no tempo e espaço da interação. Portanto, o corpo não é apenas um construto social, ele se constitui também a partir da cultura. Geertz (1998) concebe a cultura como teias de significados tecidos pelo homem. Para ele o conceito de cultura relaciona-se ao conceito de homem. Este sempre esteve e continua ligado de forma tão intensa à sua cultura, que não existiria sem ela. O corpo é também um construto histórico. Em cada período da humanidade a ele foi atribuído um conjunto de ideias e representações, que servem para explicar a ordem social e as condições de vida do homem e as relações que ele mantém com outros homens. Ao traçar o percurso da representação do corpo e da educação física do final do século XIX aos tempos atuais, no Brasil, Silva (2009) constata a ideia de corpo ideal, que percorre o discurso médico no final do século XIX e encontra na escola o lugar de sua propagação. Segundo a autora, esse modelo serviu para mascarar o projeto de modernidade do país, que pretendeu um modelo de homem/mulher diferente do indivíduo colonial. Assim, as atividades propostas na escola por meio da educação física são desvinculadas da cultura corporal brasileira. O corpo é visto, segundo a autora, como uma máquina, desprovido de singularidade e subjetividade, torna-se objeto de manipulação, controle e modelação. Nessa perspectiva, a educação do corpo para o trabalho, na antiga Escola Técnica de Salvador nos anos de 1944 a 1947, objetivou o disciplinamento do corpo dos aprendizes para se tornarem operários qualificados. Assim, um conjunto de dispositivos foi estruturado ditando regras, normas e rituais a serem seguidos pelos estudantes. Este disciplinamento instituiu moral e corporalmente o aprendiz na escola e na sociedade, e a ele os estudantes estavam submetidos e deviam obedecer. Esses são alguns resultados a que chegamos na pesquisa de doutorado cujo objetivo principal foi historiar como se deu a educação do aprendiz-artífice no e por meio do jornal escolar O Aprendiz. Uma educação que incluía a educação física como um dos seus eixos. A teoria da produção de sentido de Verón (1980) e a mídia-educação embasaram a análise do corpus que se constitui de textos verbais e visuais produzidos pelos estudantes, técnicos e docentes.

Palavras-chave: corpo, cultura, educação.
REFERÊNCIAS
FISCHER, Rosa Maria Bueno. Problematizações sobre o exercício de ver: mídia e pesquisa em educação. 2003.
GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro : LTC, 1998.
GONNET, Jacques. Educação e mídias. São Paulo: ed. Loyola, 2004.
SILVA, Maria Cecília de Paula. Do corpo objeto ao sujeito histórico: perspectivas do corpo na história da educação brasileira. Salvador: EDUFBA, 2009.
VERÓN, Eliseo. A produção de sentido. São Paulo: Cultrix/Ed. Universidade de São Paulo, 1980.

Texto completo: PDF