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EFEITO DO USO DE DIFERENTES TIPOS DE PROTETORES BUCAIS NA ACURÁCIA DE ARREMESSO DE ATLETAS PROFISSIONAIS DE BASQUETEBOL
Mário Carlos Welin Balvedi, Bruno Giovanini, Solange de Paula Ramos

Última alteração: 2021-08-24

Resumo


INTRODUÇÃO
Durante as sessões de treinamento ou jogo no basquetebol, os atletas são expostos a contato físico e estímulos de impacto presentes nas ações de oposição, potencializando a ocorrência de acidentes traumáticos orofaciais (FRONTERA et al., 2011). A maioria dos traumas orofaciais ocorre por contato com outros atletas (83.5 a 91.8%). Cerca de 35 a 80.5% dos jogadores sofrem lesões orofaciais, sendo a prevalência em atletas profissionais (TIRYAKI et al., 2017).
A utilização de protetores bucais é importante para prevenção de traumatismo orofacial em atletas de esportes de contato, reduzindo em mais de 50% a incidência de traumatismo dentário (FERNANDES et al., 2019). No entanto, a minoria dos atletas reporta o uso de protetores bucais na rotina de treinamento e jogos (FRONTERA et al., 2011). Muitos atletas relatam problemas relacionados ao desconforto e dificuldade na respiração e comunicação (TIRYAKI et al., 2017). Apesar de alguns estudos apontarem que o uso de protetores bucais não promove efeito negativo no desempenho físico de atletas profissionais (SCHULZE et al., 2019), sua influência sobre ações técnicas fundamentais, como o arremesso, não é totalmente clara. Portanto, o objetivo deste estudo foi investigar o efeito da utilização de protetores bucais na acurácia de arremesso de jogadores profissionais de basquetebol.

MÉTODO
Participaram do estudo 8 atletas profissionais de basquetebol de uma equipe participante do segundo maior campeonato nacional (Idade: 24.8 ± 4.8 anos; Estatura: 193.1 ± 10.1 cm; Massa corporal: 92.5 ± 10 Kg). Inicialmente, os atletas foram familiarizados com os protetores bucais durante duas semanas de treinamento. Em cada semana, os atletas participaram das sessões de treino técnico-tático usando o protetor “boil and bite” (BB) ou o protetor customizado (CUST). Um dia antes da sessão experimental, os participantes foram familiarizados com o teste acurácia de arremesso. A acurácia de arremesso foi medida usando uma versão adaptada do Basketball Jump Shot Accuracy Test (BODDINGTON et al., 2019). Cada participante completou o teste em três condições (1 - BB, 1 - CUST, 1 sem protetor - CONT), realizando um número igual de arremessos para dois pontos (5 arremessos) e três pontos (5 arremessos) em locais pré-determinados na quadra, com 2 minutos de descanso passivo entre cada condição. A ordem das condições foi randomizada para cada atleta. Quatro pontuações diferentes foram atribuídas para cada arremesso em cada tentativa, variando de 0 a 3, de acordo com sua acurácia. O desempenho geral do teste foi determinado como a soma da pontuação de cada arremesso tentado. Todos os arremessos foram gravados por meio de uma câmera de vídeo posicionada com visão completa do teste, para posterior análise. Para comparar o desempenho entre as condições foram aplicados modelos lineares mistos, adotando a significância de 5% (p < 0,05), no software R v. 4.0.3. A magnitude das diferenças foi avaliada pelo tamanho de efeito (TE), dado pelo d de Cohen e calculado a partir dos contrastes entre condições e interpretado como: < 0,2 = trivial; 0,2 – 0,59 = pequeno; 0,6 – 1,19 = moderado; 1,2 – 1,99 = grande; > 2,0 = muito grande.

RESULTADOS
O modelo aplicado revelou não haver diferença entre o escore geral de acurácia de arremesso nas três condições (F[2,14] = 0,422; p = 0,664). Além disso, não houve diferenças entre as condições para o escore de arremessos de dois pontos (F[2,14] = 0,255; p = 0,778) e três pontos (F[2,14] = 1,58; p = 0,240).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar do possível desconforto, a acurácia de arremesso de atletas profissionais de basquetebol não foi afetada pela utilização de protetores bucais BB e CUST. Contudo, nossa amostra foi composta por atletas de basquetebol, e futuros estudos são necessários para entender quais efeitos da utilização de protetores bucais no desempenho técnico de outras modalidades.

Referências


BODDINGTON, B. J. et al. The validity and reliability of the basketball jump shooting accuracy test. Journal of sports sciences, v. 37, n. 14, p. 1648-1654, 2019.

FERNANDES, L. M. et al. The use of mouthguards and prevalence of dento-alveolar trauma among athletes: A systematic review and meta-analysis. Dent Traumatol, v. 35, n. 1, p. 54-72, Feb 2019.

FRONTERA, R. R. et al. Orofacial trauma in Brazilian basketball players and level of information concerning trauma and mouthguards. Dent Traumatol, v. 27, n. 3, p. 208-16, Jun 2011.

SCHULZE, A.; KWAST, S.; BUSSE, M. Effects of a Vented Mouthguard on Performance and Ventilation in a Basketball Field Setting. J Sports Sci Med, v. 18, n. 2, p. 384-385, Jun 2019.

TIRYAKI, M. et al. Prevalence of dental injuries and awareness regarding mouthguards among basketball players and coaches. J Sports Med Phys Fitness, v. 57, n. 11, p. 1541-1547, Nov 2017.

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