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LESÕES RELACIONADAS À PRÁTICA DA ARTE MARCIAL KUNG FU EM UMA ACADEMIA DE LUTAS
Última alteração: 2012-11-13
Resumo
INTRODUÇÃO
As misturas entre os sistemas de lutas ocorridas ao longo do tempo possibilitaram o aprimoramento e surgimento de diferentes artes marciais, caracterizadas pelas técnicas específicas e pelas bases filosóficas adotadas por cada uma. O Kung Fu é uma das mais antigas artes marciais orientais e possui diferentes estilos (CROUCHER; REID, 2010) e tem conquistado adeptos aqui no Brasil. O estilo Choy Lay Fut apresenta como principal característica a utilização de técnicas derivadas dos movimentos de cinco animais: o tigre, a pantera, a serpente, a garça e o dragão mitológico (INSTITUTO DE KUNG FU SHAOLIN, 2012). Como qualquer prática corporal, os seus praticantes estão sujeitos à ocorrência de lesões. Entretanto, existem poucas informações a respeito destas lesões na literatura.
OBJETIVO
Identificar e caracterizar as lesões encontradas em praticantes do estilo Choy Lay Fut de Kung Fu numa academia de lutas na cidade de Feira de Santana, Bahia.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo transversal realizado numa academia de lutas com um grupo de praticantes do estilo Choy Lay Fut de Kung Fu. Os critérios de inclusão foram: estar matriculado e frequentando os treinos, ter mais do que um mês de treino e idade maior ou igual a 7 anos. Identificou-se 86 sujeitos nesta condição. Destes, aproximadamente 65%, 56 alunos com idade média de 21,3 anos (variando de 7 a 45 anos), 80,4 % do sexo masculino, compuseram a amostra. As informações foram obtidas através de um questionário estruturado, aplicado sob supervisão do entrevistador, para esclarecimentos em caso de dúvidas.
As lesões foram divididas em agudas e crônicas. A classificação quanto ao grau da lesão foi leve (sem necessidade de afastamento das aulas), moderada (afastamento de até duas aulas) e grave (afastamento maior do que duas aulas). Em relação à localização da lesão, agrupou-se por segmento corporal em cabeça/tronco (face, pescoço e coluna), membros superiores (ombro, braço, cotovelo, pulso e mãos) e membros inferiores (virilha, coxa, joelho, canela, tornozelo e pé). Os exercícios que geraram as lesões agudas foram agrupados em forma (Katis), luta, treino em duplas ou outros. O estudo foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da UEFS, com protocolo de número 08/2012 e os sujeitos participaram mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
RESULTADOS
O tempo médio de prática foi de 3,7 ± 3,1 anos. Em relação à graduação, 26,8% era iniciante, 42,9% intermediário e 30,4% avançado.
As lesões estiveram presentes em 57% dos sujeitos. Destes, 43,8% relataram apenas uma lesão, 21,9% duas e 34% três ou mais lesões. Das 67 lesões agudas registradas, 28 (41,8%) relatos foram de contusão, 18 (26,9%) entorse, 9 (13,4%) luxação, 5 (7,5%) fraturas e 7 (10,4%) contraturas. A principal causa de lesão aguda foi a luta, responsável por 31,8% destas, seguida do treino em duplas (27,3%). Entre as 13 lesões crônicas relatadas, 10 tiveram diagnóstico médico, sendo elas: 3 lesões (23,1%) referidas como dor crônica sem causa definida, 3 (23,1%) fragilidade da articulação, 6 (46,2%) inflamações crônicas e um (7,7%) cisto sinovial. Em relação ao nível das lesões agudas e crônicas, 54,4% foram leves, 25,3% moderadas e 20,2% graves. Quanto a localização, 9 (11,2%) ocorreram no cabeça/tronco, 25 (31,2%) nos membros superiores e 46 (57,5%) nos membros inferiores.
CONCLUSÕES
As lesões agudas foram bem mais frequentes do que as crônicas, 90,7% contra 28,1%, sendo a luta o exercício que mais lesão aguda causou. A maioria das lesões foi leve e moderada, necessitando o afastamento de até duas aulas. Os membros inferiores foram os locais mais acometidos, com destaque para joelho e tornozelo. Em relação à graduação, as lesões estiveram presentes em 33,3% dos iniciantes e em 76,5% dos avançados. Houve apenas um registro de lesão crônica entre os iniciantes. Todos com graduação avançada tinha mais do que 2 anos de prática e todos iniciantes menos do que 2 anos. Os resultados sugerem que maior graduação e, consequentemente, maior tempo de prática oferece maior risco de lesões, especialmente as lesões crônicas. Análises bivariadas e multivariadas para verificar possíveis associações serão feitas posteriormente.
Vale destacar que o fato de os participantes pertencerem a uma mesma academia pode ter influenciado no número e nos tipos de lesões ocorridas, além da possibilidade dos pesquisados terem se esquecido de registrarem alguma lesão sofrida.
As misturas entre os sistemas de lutas ocorridas ao longo do tempo possibilitaram o aprimoramento e surgimento de diferentes artes marciais, caracterizadas pelas técnicas específicas e pelas bases filosóficas adotadas por cada uma. O Kung Fu é uma das mais antigas artes marciais orientais e possui diferentes estilos (CROUCHER; REID, 2010) e tem conquistado adeptos aqui no Brasil. O estilo Choy Lay Fut apresenta como principal característica a utilização de técnicas derivadas dos movimentos de cinco animais: o tigre, a pantera, a serpente, a garça e o dragão mitológico (INSTITUTO DE KUNG FU SHAOLIN, 2012). Como qualquer prática corporal, os seus praticantes estão sujeitos à ocorrência de lesões. Entretanto, existem poucas informações a respeito destas lesões na literatura.
OBJETIVO
Identificar e caracterizar as lesões encontradas em praticantes do estilo Choy Lay Fut de Kung Fu numa academia de lutas na cidade de Feira de Santana, Bahia.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo transversal realizado numa academia de lutas com um grupo de praticantes do estilo Choy Lay Fut de Kung Fu. Os critérios de inclusão foram: estar matriculado e frequentando os treinos, ter mais do que um mês de treino e idade maior ou igual a 7 anos. Identificou-se 86 sujeitos nesta condição. Destes, aproximadamente 65%, 56 alunos com idade média de 21,3 anos (variando de 7 a 45 anos), 80,4 % do sexo masculino, compuseram a amostra. As informações foram obtidas através de um questionário estruturado, aplicado sob supervisão do entrevistador, para esclarecimentos em caso de dúvidas.
As lesões foram divididas em agudas e crônicas. A classificação quanto ao grau da lesão foi leve (sem necessidade de afastamento das aulas), moderada (afastamento de até duas aulas) e grave (afastamento maior do que duas aulas). Em relação à localização da lesão, agrupou-se por segmento corporal em cabeça/tronco (face, pescoço e coluna), membros superiores (ombro, braço, cotovelo, pulso e mãos) e membros inferiores (virilha, coxa, joelho, canela, tornozelo e pé). Os exercícios que geraram as lesões agudas foram agrupados em forma (Katis), luta, treino em duplas ou outros. O estudo foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da UEFS, com protocolo de número 08/2012 e os sujeitos participaram mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
RESULTADOS
O tempo médio de prática foi de 3,7 ± 3,1 anos. Em relação à graduação, 26,8% era iniciante, 42,9% intermediário e 30,4% avançado.
As lesões estiveram presentes em 57% dos sujeitos. Destes, 43,8% relataram apenas uma lesão, 21,9% duas e 34% três ou mais lesões. Das 67 lesões agudas registradas, 28 (41,8%) relatos foram de contusão, 18 (26,9%) entorse, 9 (13,4%) luxação, 5 (7,5%) fraturas e 7 (10,4%) contraturas. A principal causa de lesão aguda foi a luta, responsável por 31,8% destas, seguida do treino em duplas (27,3%). Entre as 13 lesões crônicas relatadas, 10 tiveram diagnóstico médico, sendo elas: 3 lesões (23,1%) referidas como dor crônica sem causa definida, 3 (23,1%) fragilidade da articulação, 6 (46,2%) inflamações crônicas e um (7,7%) cisto sinovial. Em relação ao nível das lesões agudas e crônicas, 54,4% foram leves, 25,3% moderadas e 20,2% graves. Quanto a localização, 9 (11,2%) ocorreram no cabeça/tronco, 25 (31,2%) nos membros superiores e 46 (57,5%) nos membros inferiores.
CONCLUSÕES
As lesões agudas foram bem mais frequentes do que as crônicas, 90,7% contra 28,1%, sendo a luta o exercício que mais lesão aguda causou. A maioria das lesões foi leve e moderada, necessitando o afastamento de até duas aulas. Os membros inferiores foram os locais mais acometidos, com destaque para joelho e tornozelo. Em relação à graduação, as lesões estiveram presentes em 33,3% dos iniciantes e em 76,5% dos avançados. Houve apenas um registro de lesão crônica entre os iniciantes. Todos com graduação avançada tinha mais do que 2 anos de prática e todos iniciantes menos do que 2 anos. Os resultados sugerem que maior graduação e, consequentemente, maior tempo de prática oferece maior risco de lesões, especialmente as lesões crônicas. Análises bivariadas e multivariadas para verificar possíveis associações serão feitas posteriormente.
Vale destacar que o fato de os participantes pertencerem a uma mesma academia pode ter influenciado no número e nos tipos de lesões ocorridas, além da possibilidade dos pesquisados terem se esquecido de registrarem alguma lesão sofrida.
Palavras-chave
Lesões esportivas; Artes Marciais; Kung Fu
Referências
CROUCHER, M.; REID, H. O caminho do Guerreiro: o paradoxo das artes marciais. Tradução de Marcelo Brandão Cipolla, 12ª ed. São Paulo: Cultrix, 2010.
INSTITUTO DE KUNG FU SHAOLIN. Apresentação. Kung Fu. Disponível em: Acesso em: 25 jul. 2012.
INSTITUTO DE KUNG FU SHAOLIN. Apresentação. Kung Fu. Disponível em: Acesso em: 25 jul. 2012.
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